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terça-feira, 14 de abril de 2009

Bovespa em queda

A Bovespa tem sofrido sucessivas quedas e nos primeiros nove meses do ano já havia acumulado perdas da ordem de 25% (com a volatilidade, esses valores têm mudado muito rapidamente). O impacto dessas quedas na economia em geral é limitado pelo tamanho da bolsa brasileira. Apesar do crescimento dos últimos anos, a Bovespa ainda tem um número relativamente pequeno de empresas, com 397 companhias listadas. A Bolsa de Valores de Nova York, por exemplo, tem 2.365. Além disso, embora o montante de dinheiro negociado na bolsa brasileira seja alto, há uma grande concentração em grandes empresas como a Petrobras e a Vale. Apenas essas duas empresas têm representado em média 40% do valor negociado na Bovespa neste ano. Apesar disso, a queda nas bolsas afeta a economia real por pelo menos duas vias: quem investiu na bolsa tem menos dinheiro para gastar, e as empresas têm que procurar outras fontes de financiamento. A Bovespa conta com cerca de 500 mil investidores como pessoas físicas. Além disso, houve uma grande queda de IPOs, os lançamentos iniciais de ações das empresas. Em 2007, foram lançadas na Bovespa 64 novas empresas. Até setembro de 2008, tinham ocorrido apenas quatro IPOs.

Crédito baixo

Uma das principais vias de contágio da crise internacional se dá por meio da falta de crédito. Com a crise atual, há menos dinheiro no mercado e bancos em todo o mundo estão mais cautelosos, têm diminuído seus empréstimos e cobrado mais caro por eles. Na opinião do economista Nathan Blanche, da consultoria Tendências, é nessa área que está o maior perigo para a economia brasileira no médio e longo prazo. "As empresas devem conseguir continuar rolando suas dívidas, mas o mercado está mais difícil e algumas devem inclusive optar por não buscar dinheiro novo", afirma ele. Atualmente a dívida externa brasileira é da ordem de US$ 200 bilhões, sendo que a maior parte está na mão de empresas privadas. Mas o valor que vence até o final de 2008 é bem menor -em torno de US$ 15 bilhões. Para especialistas, as empresas que quiserem renovar essas dívidas terão que arcar com taxas mais altas de juros. Os bancos brasileiros também já estão encontrando taxas muito altas para tomar empréstimos no exterior. A expectativa é que essa situação afete o crescimento do crédito no Brasil, de forma geral, e a capacidade de investimento das empresas, em particular.A falta de crédito internacional também pode afetar empresas estrangeiras que planejam fazer investimos diretos no Brasil. A dúvida entre os especialistas é a intensidade desse enxugamento do crédito. O governo brasileiro tem se mostrado preocupado com o assunto e afirma que poderá criar alternativas de crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros bancos públicos.

Para ‘The Economist’, Brasil está mais preparado para turbulências

A economia brasileira está mais preparada do que nunca para enfrentar sem grandes sobressaltos as turbulências que afligem o mercado americano, sustenta a revista The Economist, em reportagem publicada na edição desta semana. “A rajada de vento que aflige os Estados Unidos e ameaça a Europa parece como uma leve brisa se comparada aos freqüentes e violentos golpes que sujaram a história econômica do Brasil.”Citando os últimos eventos que inibiram o crescimento do País - crise asiática em 1998, moratória argentina em 2001 e alta inflacionária em 2005 -, a revista observa que, apesar de esses fatos aconselharem cautela, “há razões para acreditar que a economia agora deve lidar melhor com qualquer coisa que o mundo atire nela”.A revista argumenta que a economia está mais robusta por três razões: em primeiro lugar, um crescimento impulsionado por uma demanda interna vigorosa; em segundo, a integração do País aos mercados mundiais - “Não é superdependente dos EUA, destino de um quinto das exportações”; em terceiro, uma menor vulnerabilidade a crises financeiras, em grande parte graças a uma combinação de Banco Central independente e transparente e câmbio flutuante.

Crise afeta o Brasil, e muito

Eis como a crise mundial chega ao Brasil, em primeiro lugar. Aliás, já chegou: pela falta e/ou encarecimento de capitais e financiamentos para novos investimentos.Um exemplo que interessa diretamente: as empresas brasileiras que já ganharam licitações da Petrobrás para a construção de navios e sondas de exploração de petróleo estão, neste momento, negociando financiamentos de bancos internacionais.Segundo reportagem do jornal “Valor Econômico” de hoje, bancos estrangeiros suspenderam, provisoriamente, por enquanto, operações para financiar R$ 12 bilhões – operações que já estavam em andamento.Isso porque, no mercado internacional, a taxa de juros pela qual os bancos captam dinheiro subiu fortemente, pela simples razão de que há menos dinheiro disponível.Eis um exemplo da alta dos juros. A companhia brasileira Braskem fechou recentemente um financiamento internacional, pagando taxa de juros de 1,75% ao ano acima da Libor, taxa de juros que os bancos cobram entre si no mercado de Londres. É a taxa de referência. Pois bem, no empréstimo que fez à seguradora AIG, o Fed, banco central dos EUA, cobrou Libor mais 8,5% ao ano.Outro exemplo: o risco Brasil, que havia caído para 190 pontos, subiu para perto dos 350 pontos – isso significa que as empresas brasileiras, ao tomarem empréstimos externos, pagam agora a taxa de juros dos títulos americanos, mais 3,5% ao ano, contra 1,9% antes da crise.Para um país que necessita de capitais para novos investimentos – e que não os tem no país – a crise financeira internacional afeta , e muito.

Lucro de empresas brasileiras caiu 40% em 2008, diz consultoria

324 empresas de capital aberto tiveram ganho de R$ 39,076 bilhões. Estudo é da Economatica e exclui resultados da Petrobras e da Vale
Depois de ganhos recordes em 2007, as empresas brasileiras viram seus lucros cair de forma acentuada durante o ano passado. A crise financeira internacional derrubou o ganho de 324 empresas de capital aberto em 40,6%, para R$ 39,076 bilhões em 2008. A constatação é da consultoria Economatica e exclui da conta os resultados da Petrobras e da Vale. Incluindo as duas empresas, a queda anual de lucro é reduzida para apenas 1,9%, com o ganho geral passando a R$ 126,33 bilhões em 2008. Dos 21 setores analisados pela consultoria, nove apresentaram crescimento nos lucros, sete viram os ganhos cair e cinco transformaram ganhos em prejuízo. Destaque para o segmento de minerais não metálicos, que viu seus ganhos aumentar 282%, e para o segmento têxtil, que reverteu perdas de R$ 496 milhões em 2007, para lucro de R$ 49 milhões em 2008. Bom desempenho também para o grupo petróleo e gás, que registrou avanço de 89% nos lucros. No lado oposto, o setor de papel e celulose amargou forte contração, fechando o ano com perda de R$ 6,37 bilhões, depois de apontar ganho de R$ 3,03 bilhões em 2007. Os segmentos de transportes, mineração, químico e de alimentos também fecharam 2008 no vermelho. Nem os bancos escaparam da crise, registrando queda de 2,8% no lucro de 2008, que somou R$ 29,25 bilhões.

Medidas de combate à crise somam R$ 475 bilhões no Brasil

Valor inclui todas as ações, inclusive as que não têm impacto no caixa do governo.
Desde setembro do ano passado, o governo brasileiro já anunciou medidas de combate à crise econômica que somam R$ 475 bilhões. O valor inclui todas as ações, inclusive as que não têm impacto no caixa do governo, como a liberação do compulsório bancário.
Somente as medidas do Banco Central, entre elas mudanças na regra do compulsório (dinheiro dos bancos retidos pelo BC), leilões com dólar e linha de troca de moeda com o Federal Reserve (FED), somaram R$ 284 bilhões.